31 maio 2016

Resenha: Lobo de Rua

(Tá junto de "Homens, Lobos e Lobisomens" porque esse é, provavelmente, o meu livro favorito sobre o assunto. Assim que terminar de reler, vou falar sobre ele aqui no blog :) )

Editora: Independente
Autora: Jana P. Bianchi
Páginas: 110


"Raul deixou escapar um choramingo patético. Junto ao ardor nas gengivas, surgira uma absurda pressão em seu maxilar. Agora, ela se irradiava também pelo pescoço, de modo que sua cabeça parecia prestes a explodir. Gemeu e tentou chamar por ajuda mais uma vez, em vão." (pg. 15)

Não é fácil nem simples falar de Lobo de Rua.

A história, que conta sobre Raul, um adolescente (menino? No momento não lembro se a Jana especifica a idade dele ao longo do livro, embora use o termo "menino" na sinopse... Argh, memória besta... x.x) morador de rua, é contada de forma crua, por assim se dizer. Não são usadas palavras bonitas, mas reais, para demonstrar o mundo onde Raul vive e como a transformação em lobisomem se dá.

Uma transformação extremamente dolorosa e contada em muito detalhes, levada muito para o lado científico (É uma DST, a transformação em lobisomem no universo da Galeria Creta ao qual Lobo de Rua pertence). Dá vontade de chorar. Muitos livros que lidam com lobisomens não dão muita importância para descrever a transformação em detalhes, eu mesma costumo levar para o lado mais mágico e espiritual, variando muito de universo para universo, e mesmo no meu livro favorito sobre o assunto (o que acompanha Lobo de Rua na foto), praticamente todos os contos abordam isso de uma visão externa, normalmente um atacado, ou de pessoas que fizeram um pacto com o demônio (Caso do conto do Alexandre Dumas). Mesmo Hemlock Grove: a descrição da transformação é feita à partir do ponto de vista do Roman, e ele não sabe com perfeição o que Peter sente durante a transformação. Jana fugiu totalmente de tudo que já vi sobre lobisomens, tanto em explicar a questão da transmissão, como descrever todo o momento da transformação; ela transformou em algo sujo, humano demais e, de certa forma, natural demais. Isso trouxe a questão para mais perto da realidade. Parabéns por isso, por ultrapassar esse limite em como descrever transformações de lobisomens. É refrescante ver algo diferenciado.

Além de Raul, temos também Tito, um velho lobisomem italiano que explica para Raul toda a questão de ser um lobisomem, como a "doença" se espalha e todo o mais. E Soraia, uma cigana, intermediária do Minotauro, por assim se dizer, para os lobisomens alcançarem a Galeria Creta durante a Lua Cheia, onde podem se transformar sem causar estragos. Não vou entrar em muitos detalhes quanto ao decorrer da história; nem dá, afinal, o livro é curtinho e fazer isso estraga.

A narrativa é muito boa, como já falei, crua, do jeito ideal para contar a história. Casa com a história, por assim se dizer. Os personagens são bem desenvolvidos e demonstrados ao longo dos diálogos e memórias e todo o mais expostos. E embora o final seja, de certa forma, de cortar o coração, é aquele final que você olha e fala "É... É melhor assim.", ao considerar tudo sobre a maldição do lobisomem. Existe também um gancho para um próximo livro, e eu realmente espero poder ler esse livro da Galeria Creta logo.

E ao ilustrador, Renato Quirino, meus parabéns: a capa e as ilustrações ao longo do livro são lindas, um ar todo próprio que dá identidade ao livro. A diagramação e a revisão também estão de parabéns.

Um desses livros nacionais que dá prazer de ler e alegria de ver que, embora as editoras nem sempre contribuam, os autores estão lutando para se fazerem notar.

Classificação Final:

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